quinta-feira, 23 de maio de 2013

PEZÃO E CIGANO PODEM SE ENFRENTAR NO UFC


O encontro dos dois melhores pesos-pesados brasileiros no MMA não era planejado. Enquanto Antonio Pezão dava entrevistas no complexo de piscinas do MGM Grand, Junior Cigano cumpria compromissos com a imprensa fora do hotel que sediará o UFC 160. Mas, por volta de meio-dia, os dois gigantes se encontraram no caminho para uma sala de imprensa reservada pela organização para os lutadores. Relaxados e mostrando muita amizade, os dois brincavam entre si e com suas equipes. Enquanto o catarinense dava abraços nada suaves no amigo, Pezão mostrava o relógio de André Piccoli, um dos treinadores de Cigano.
Pezão e Cigano MMA UFC (Foto: Marcelo Russio)
Pezão (esq.) e Cigano (dir.) vão estar nas duas lutas principais de sábado (Foto: Marcelo Russio)
- Olha só o relógio desse cara. Ninguém da minha equipe nem usa relógio, porque não tem. E o cara aparece aqui com um desses. Ser treinador do Cigano é bom, hein - dizia Pezão, às gargalhadas.
No caminho para a sala de entrevistas, os dois lutadores paravam para tirar fotos com fãs e membros das equipes. O clima de amizade continuou durante a conversa, e Pezão chegou até a ensaiar um beijo em Cigano, que desviou, mostrando que a esquiva está em dia.
- Olha o tamanho do queixo desse cara! Isso aqui perto já faz um estrago em mim. Sai pra lá!
Quando começa a entrevista, a informalidade continua, mas os lutadores falam sério sobre todos os assuntos, e um deles se destaca: uma eventual luta entre os dois, que ficará praticamente impossível de não acontecer se ambos vencerem seus adversários - Mark Hunt pelo lado de Cigano, e o campeão Cain Velásquez, pelo lado de Pezão.
- Já pode fazer o pôster da minha luta contra o Cigano. Ela vai acontecer porque nós dois vamos ganhar - declarou o paraibano, com o consentimento de cabeça do amigo e possível rival.
Confira a íntegra da entrevista:
Preparação para as lutas
Cigano: "O foco na luta está bom, até porque eu nunca pensei em uma mudança de adversário. Eu queria que o UFC soubesse que eu queria lutar. A gente gasta muito dinheiro e tempo, é complicado fazer um treinamento. Eu estou bem preparado e eu quero lutar. Ainda bem que eles conseguiram o visto do Mark Hunt e tudo continua igual para mim".

Pezão: "Preparação foi ótima, acho que fiz o trabalho dentro da academia bem feito. Agora é manter o corpo ligado, o motor ligado até o dia da luta. Estou bem focado, bem determinado. Durmo e acordo pensando nessa luta e na vitória, e vou em busca dela. É um grande sonho que eu tenho a realizar na minha vida profissional".

Luta entre os dois pelo cinturão
Cigano: "Eu vou estar torcendo para o Pezão mesmo que a gente tenha que lutar. Nós já conversamos sobre isso, e cada um tem que defender a sua família. Eu disse a ele que se um dia a família dele estiver passando fome, não vou ser eu que vou lá botar comida na boca deles. É a nossa profissão e temos que cuidar disso. Somos muito amigos e vamos continuar sendo, caso a luta venha a acontecer, independente do resultado. Lutar pelo título nós não vamos poder evitar. Vamos evitar o quanto pudermos se não for pelo cinturão. Já falamos sobre isso. Se a luta acontecer, cada um vai dar o seu melhor pra ganhar, porque os dois querem ser campeões. A festa vai ser a mesma".
Pezão: "Na realidade, eu prefiro lutar contra qualquer outra pessoa que não seja o Cigano, mas se eu pensar assim eu terei que torcer contra ele, e isso não passa na minha cabeça jamais. Vou torcer pra ele, quero que ele ganhe e dê a volta por cima, porque já vim de várias vitórias e perdi, e sei que derrota nunca é bom. A gente sempre quer fazer o melhor e dar a volta por cima. É como ele falou, nós temos a nossa família, somos empregados do UFC e temos que respeitar os fãs que querem ver essa luta, mas é complicado a gente lutar contra quem a gente gosta, sempre é melhor lutar com outro. Mas dentro dessa situação, vai ter que acontecer. Já pode fazer o pôster da minha luta contra o Cigano. Ela vai acontecer porque nos dois vamos ganhar, e depois continua tudo da mesma forma. O importante é que o título continue no Brasil, seja na Paraíba, seja na Bahia, mas que fique no Brasil".
Cigano: "Se não for pelo título, não tem luta".

Pezão: "Se não for pelo título, tem muita gente pra lutar, não faz sentido. Pelo título, não, aí faz sentido. A minha final é o título: um que está com o cinturão e outro o que mais merece. Não tem como desviar. Mas de outra forma não dá".

Análise dos adversários
Cigano: "Acho que ele vem pra trocação, pra tentar nocautear, que é o que ele gosta de fazer. Mas eu também gosto, e quem ganha com isso são os fãs".

Pezão: "O Velásquez é um atleta muito rápido, completo, mas não é um finalizador no chão, apesar de controlar bem a luta ali. Cada um tem que usar o que tem de melhor. Ele tem que usar a velocidade, e eu tenho que usar a minha força. Na primeira luta o golpe que eu mais senti dele foram as cotoveladas. A mão eu não senti tanto. É forte, mas não me afetou tanto. As cotoveladas, sim, são muito perigosas, e vou procurar anular isso se, por acaso, vier a cair e ficar por baixo. Mas tenho certeza que, se ele vier me colocar pra baixo, ele já vai fazer isso sentindo, porque vou encaixar uma mão dura. Não vou nem precisar andar pra frente, porque eu sei que ele vem pra cima, e vai acabar batendo de encontro com a minha mão ou a minha perna. Na hora que entrar a primeira mão, quando o negócio apertar, ele vai cair no jogo dele, que é baixar a cabeça e tentar colocar pra baixo. Ele vai fintar que vai me colocar pra baixo pra tentar encaixar a mão. Também acho que ele vai ter na cabeça a luta anterior, achando que me derrubou muito rápido, e vai querer levar pro chão. Nós somos profissionais e temos que modificar o jogo, não pode ser o mesmo atleta em toda luta. Mas a estratégia acaba quando entra a primeira mão. Quando ele sentir, vai querer voltar a ser o lutador que bota pra baixo pra amarrar a luta no chão e usar os cotovelos. Acredito que, no começo, ele venha com alguma surpresa. Esse é o jogo que a gente vai fazer".

Mudança da última luta para a luta de sábado
Cigano: "Aprendi bastante com aquela derrota, ainda estou aprendendo, e tenho a certeza que vou ser um lutador melhor. Mas aprendi a cuidar mais de mim. A gente meio que treinava sem acompanhamento adequado, e agora tenho um fisiologista comigo o tempo todo, tenho um nutricionista. Agora eu me profissionalizei, e agora estou cuidando mais de mim. Agora eu sei disso, estou vendo os resultados fisiológicos e estou me sentindo bem também. Já lutei várias vezes aqui em Las Vegas e tenho como comparar com as outras vezes, como eu estava me sentindo. Cheguei sexta-feira aqui, já fiz três treinos e estou me sentindo muito bem. Acho que vou chegar 1.000% à luta".
Pezão: "Na última luta contra o Velásquez eu estava treinando para enfrentar o Roy Nelson, e mudou o adversário três semanas antes do combate. A estratégia era completamente diferente. Não é desculpa, porque ele também ia lutar contra outro atleta e soube em cima da hora que ia lutar comigo, mas ele absorveu melhor a troca. Eu estava um pouco ansioso, um pouco nervoso por ser a minha primeira luta no UFC, e por ser uma luta tão grande. Agora já venho com mais experiência, são duas lutas aqui e eu acho que aprendi muito com aquela derrota, muito mais se tivesse vencido. Passei a escutar mais os meus treinadores, e agora vai vir um Pezão mais experiente, mais tranquilo e com muita vontade de vencer".
Como acha que acabará a luta do outro
Pezão: "Não tem como pensar em outra coisa que não seja nocaute. Quando o Cigano está no cage, só tem como pensar em nocaute. Lógico que são dois ótimos lutadores, o Mark Hunt é muito experiente e tem a mão muito pesada, com vários nocautes. Maas o Cigano tem o mesmo poder de nocaute e é muito mais rápido. Não consigo ver de outra forma que não seja um nocaute do Cigano".
Cigano: "Eu acredito também em um nocaute do Pezão. Acho que o Velásquez vai sentir a mão do Pezão. Ela vai entrar e ele vai sentir. A gente sabe que ele sente. Na  primeira luta comigo ele sentiu (risos). O Velásquez tem um estilo diferente de lutar, mas o Pezão já conhece esse estilo. Tenho certeza que ele vai para o combate mais focado e com o objetivo traçado. Ele vai colocar a mão, e o Velásquez vai sentir. O importante é não esperar o Velásquez, ir buscar a luta e impor o jogo. O Pezão finaliza as suas lutas e eu acho que ele tem muito mais condições de acabar com essa luta nos primeiros rounds do que o Velásquez. Não pode esperar por ele, tem que ir buscá-lo".

Por Direto de Las Vegas, EUAFonte: globoesporte.com




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